terça-feira, 2 de junho de 2015

Bullying

Comecei a escrever esta publicação acerca do bullying há uns dias, mas ainda não a tinha conseguido terminar.

Estava a conversar com uma cliente, no meu local de trabalho, acerca dos casos recentes de bullying (nomeadamente o do vídeo em que o rapaz foi agredido por duas raparigas). Esta cliente achava que o rapaz devia ter feito alguma coisa para as raparigas o agredirem assim ou então que ele era muito estranho por não ter fugido dali.

Este tipo de conversa é recorrente e irrita-me. Como já escrevi no blog, também sofri com o bullying. Nunca fiz mal a ninguém, nunca provoquei nenhum dos meus agressores e também nunca consegui fugir. Quando contei isto à cliente, algo que me custou imenso, ela achou muito estranho. Como é possível uma pessoa ser agredida física e psicologicamente e não fugir?

É possível. É o medo que os nossos agressores colocam em nós. É aquela sensação que não merecemos melhor; que somos uma porcaria. Não fugimos porque estas pessoas nos tornam fracos; sugam toda a nossa energia.

É frequente ouvir este tipo de comentário acerca das vítimas do bullying. As pessoas têm de entender que não é uma escolha nossa! Foi uma escolha de alguém que resolveu que as nossas vidas não valiam o mesmo que o delas!

Imagem retirada daqui

4 comentários:

  1. É muito fácil falar para quem está de fora, porque para essas pessoas tudo se resolvia com um simples «fugia dali», mas a verdade é que o medo impede-nos de reagir e não há maneira de fazermos tal coisa.
    Ninguém pede para ser agredido, ofendido, humilhado. E mesmo que o miúdo, por exemplo, tivesse feito ou dito alguma coisa que não fosse do agrado das raparigas nada justificaria aquela atitude cobarde.

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    1. Mas quem é que está de fora? Acho que quase todos na vida passam por situações em que são ameaçados e agredidos. O que mudou foi apenas duas coisas: deram-lhe um nome específico e padronizaram a atitude. Mas já nos tempos dos nossos avós/bisavos, quando sequer iam à escola, já existia o "puto" que se metia com o outro e o ameaçava de porrada ou lhe lançava umas pedrinhas. Se calhar o que "esta de fora" não esteve sempre. O que é estranho de entender é a passividade ou a mudança de ameaça nos parametros atuais.

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  2. É como eu digo: é fácil falar quando se está de fora. Eu já passei por bullying, não de violência física, mas não é nada, nada fácil. O que está em causa é muito mais do que bofetadas e murros...

    Beijinho e boa semana ♥

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  3. É verdade mas entente tu também: Existe mais que uma realidade. E essa realidade varia de geração para geração, de educação para educação. Consigo entender perfeitamente essa paralesia. É algo proteccional. O instinto diz para não te mexeres e não reagires e aguentares. Mas ha outro lado do ser humano, que também é instintiva que diz: REAGE. Se te dão uma chapada, dás outra a seguir. Se te agridem verbalmente, respondes na letra.

    Aqui entram as variantes. Dependem do que disse acima. Depende da natureza da pessoa e da forma como ela recebe a sua "informação". Sou uma paz de alma, dificilmente me irrito com o que quer que seja ou reajo com violência. Mas acho que me defenderia, sem agredir. Não sou medrosa. Mas sei que há situações em que a força dos numeros fala mais alto. Ainda assim, acho que no meu tempo posso dizer ter sofrido de bullyng (quem não sofreu?) mas olha que encarei cada uma daquelas 7 pessoas de frente e não baixei a cabeça. Ameaçaram-me de porrada? Sim, ameaçaram. Mas não tinha qualquer motivo para baixar a cabeça, nada de mal tinha feito. Acho que até lhes disse: "Se deres, recebes de volta". Elas sim, é que estavam com medo. Porque nenhuma tinha força para agir sem ser em bando.

    Só uma, um ano mais tarde, trouxe o assunto à baila para me pedir desculpas, por ter percebido que errou. E hoje recordo disto mais por causa dela, que soube "crescer" e virar mulherzinha :D

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