domingo, 5 de julho de 2015

Uma Revelação #9

Quando era criança, por volta dos 6/7 anos, tinha uma cadela chamada Princesa. Desde que me lembro de mim própria que adoro cães. A Princesa era muito estimada. Na altura, vivia com dois homens alcoólicos, o meu pai e o meu avô, e éramos muito pobres. 

Um dia, o meu avô disse-me que ia levar a Princesa a dar um passeio e nunca mais a vi. Desde esse dia que mal falo com o meu avô e a má relação mantém-se até ao dia de hoje. Na altura, nem percebi que ele tinha abandonado a minha cadela, pensei que apenas a tinha perdido. Ainda choro só de pensar na minha Princesa abandonada numa rua qualquer. Ainda sinto uma vergonha terrível pelo que ele fez. Uns anos mais tarde confessou-me que era por causa do dinheiro. A Princesa tinha crescido e dava despesa. Nunca o perdoei. 

Sinto tanta vergonha por um acto que eu não cometi, nem tive uma palavra a dizer. Era uma criança e nada pude fazer. A minha Princesa é que sofreu. Ela nunca achou o caminho de volta. Ainda a procurei, na minha inocência, mas nunca a encontrei. Espero que a minha Princesa tenha achado uma família e que não tenha morrido sozinha. Choro a escrever esta publicação porque a minha Princesa não merecia isto. Nenhum animal merece ser abandonado. 

Imagem retirada daqui

9 comentários:

  1. Fiquei de coração pequeno ao ler isto.
    Nenhum animal merece isso! Força, minha querida*

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  2. Olá

    Ou se gosta ou não dos animais, se não se gosta verdadeiramente, mais vale não ter. Seria incapaz de abandonar qualquer um dos meus 5 cães, aliás um deles adoptei-o quando ficou só no mundo porque a dona faleceu.

    Beijos

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  3. Eles são a melhor coisa do mundo, sem duvida.

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  4. Bolas, até me vieram as lagrimas... Tadinha da Princesa... Beijinho para ti.

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  5. Que triste.
    Infelizmente conheço o que é fazer parte de uma família de pessoas menos "agarradas" aos animais. Nunca passei por algo assim, e ninguém ia colocar um animal na rua, abandonado. Mas há outras formas de demonstrar negligência e afastamento emocional.

    Bom, ao mesmo tempo acho que compreendo pessoas de outras gerações, principalmente de origem humilde e um historial de privações. Para estas pessoas trata-se de reduzir despesas e cortar no essencial. Não vêm nisso um mal. Percebe tu isto: se fossem muito más pessoas, teriam matado o animal (espero que não) ou até mesmo servido veneno e deixar que morresse à tua frente. Mas se fossem um pouquinho mais afectuosas, teriam-lhe arranjado um novo lar e não abandonado no meio da rua.

    Mas se foi esse o seu destino, não lamentes. Intuo que o animal foi feliz, encontrou um novo dono e amor. Em alguns casos, cães na rua podem estar melhor do que em certas casas!

    Num destes dias andei a fazer uma sondagem e descobri que muitas pessoas encontram animais abandonados na rua e acabam por levá-los para casa. Por isso é que digo: há muitos cães que ficam melhor na rua do que em certas casas, porque acabam sempre por se cruzar com almas caridosas.

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  6. O meu caso não foi igual, o meu cão não foi abandonado. Estava na altura do cio, andava doido, e uma noite o meu pai soltou-o porque ele não parava de ganir como se alguém lhe estivesse a fazer algum mal! E dormia dentro de casa. O cão lá foi dar a voltinha dele...e nunca mais voltou. ainda hoje, 20 anos depois, sinto uma angústia enorme por não saber o que lhe aconteceu e como morreu. Tinha-lhe um amor imenso (pronto, já choro). E mesmo sabendo que a culpa não era do meu pai, andei anos a culpá-lo "se não o tivesses soltado..."

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  7. Nenhum animal mereçe isto, força. Os animais sao fantásticos.

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